1° Hospital do SUS para Morrer com Dignidade
Um marco histórico na saúde pública brasileira foi alcançado em Salvador, Bahia, com a inauguração do primeiro hospital dedicado exclusivamente aos cuidados paliativos no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). A iniciativa pioneira visa oferecer um acolhimento digno e humanizado a pacientes com doenças graves e incuráveis.
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Cuidados Paliativos
Os cuidados paliativos representam uma abordagem que vai além da busca pela cura, focando na melhora da qualidade de vida e no alívio de sintomas físicos, emocionais e espirituais. O objetivo é proporcionar conforto e dignidade ao paciente, garantindo que o fim da vida seja um processo de paz, e não de sofrimento.
Além do atendimento ao paciente, o hospital também se concentra em fornecer apoio e assistência à família, que desempenha um papel fundamental nesse momento. A filosofia do cuidado paliativo é centrada na pessoa, respeitando seus desejos e necessidades, e reafirmando o compromisso com uma saúde pública mais humana e compassiva.
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Hospital
O Hospital Mont Serrat, conta com 70 leitos, mas sem Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ou sala de reanimação, pois seu foco é o conforto do paciente, e não a cura. Para ser admitido, o paciente precisa ser encaminhado por uma UPA, ter diagnóstico de doença grave e uma expectativa de vida de cerca de seis meses.
O objetivo do hospital é oferecer um ambiente de acolhimento e dignidade, aliviando o sofrimento físico, psicológico e espiritual do paciente e de seus familiares. A média de internação é de oito dias, pois o foco não é a cronificação, mas o cuidado na fase final da vida. Muitos pacientes recebem alta para continuar o tratamento em casa, enquanto outros permanecem no local até o falecimento.
A unidade conta com uma estrutura especial, incluindo a “Sala da Saudade”, um espaço para as famílias se despedirem em privacidade, e um píer com vista para o mar, que serve como local de contemplação. A equipe de 430 profissionais, incluindo seguranças e faxineiros, passa por um treinamento unificado sobre empatia para garantir o tratamento humanizado.
O hospital é administrado pelas Obras Sociais Irmã Dulce e tem um caráter laico, com um píer no lugar de uma capela. A médica Karoline Apolônia, coordenadora do Núcleo de Cuidados Paliativos da Secretaria de Saúde da Bahia, ressalta que o hospital não pratica eutanásia, mas a ortotanásia, que é a aceitação do processo de morte natural, com uso de recursos para reduzir o sofrimento do paciente, como a sedação paliativa. A alta demanda pelo hospital demonstra a necessidade crescente desse tipo de serviço diante do envelhecimento da população brasileira.