Eixo Cérebro-Intestino
Nesse artigo de revisão publicada em 2017 pela revista Journal of Alzheimer’s Disease há uma discussão sobre a relação de um desequilíbrio na microflora intestinal contribuir para o desenvolvimento ou cronicidade da Doença de Alzheimer.
Primeiramente, temos que lembrar que existe o Eixo Cérebro-Intestino, que é um sistema de comunicação bidirecional entre esses sistemas, e são conectados pelas vias neurais, endócrinas e metabólicas. Essa comunicação ocorre principalmente através do nervo vago. Em simples palavras, podemos dizer que quando o intestino está desequilibrado e/ou inflamado, a saúde cerebral também é afetada, e vice-versa. Ou seja, a inflamação no intestino gera um neuroinflamação, o que é uma das bases na patogenicidade da Doença de Alzheimer.
Quando existe um desequilíbrio na microbiota intestinal (também chamado de disbiose intestinal), as bactérias patogênicas (ou “do mal”) secretam “toxinas” como os lipopolissacarídeos (LPS) e grandes quantidade de amiloides. Estas quebram e atravessam nossa barreira intestinal, e geram um sinal de “perigo” para o cérebro, além de contribuir para a produção de citocinas inflamatórias associadas no desenvolvimento de Doença de Alzheimer.
Já existem causas bem conhecidas de disbiose intestinal como:
- o uso de antibióticos de largo espectro de forma não controlada
- uma dieta pobre em vegetais e verduras
- uma a dieta alta em alimentos processados, açúcares e em gorduras ruins, um consumo baixo de fibras e gorduras saudáveis
- níveis altos de estresse (emocional, físico ou químico)
- uso de alguns medicamentos (como os anti inflamatórios – ex.: ibuprofeno, “prazol” – ex.: omeprazol pantoprazol, dentre outros)
- a falta de horas de sono;
- o baixo consumo de líquidos / água
- doenças que provocam baixa motilidade intestinal (Ex.: Diabetes Melitus, Obesidade, etc)
Outro fator que contribui para a disbiose intestinal é a própria idade. Conforme envelhecemos nossos níveis de bactérias “do bem” se reduzem (ex.: as bifidobacterium e lactobacillus). É algo normal. Nesses casos, precisamos “alimentar” nossas boas bactérias com fibras das verduras, legumes e frutas na intenção de aumentar a nossa diversidade bacteriana, além de deixá-las mais fortes (brinco que “precisamos bombar” nossas bactérias do bem). Essa é uma forma que modulamos nossa microflora intestinal para um maior equilíbrio, ou seja, para uma saúde intestinal. Em alguns casos, precisaremos suplementar os velhinhos com probióticos e/ou prebióticos.
Segundo o Dr Dale Bredensen com o seu protocolo ReCODE nos Estados Unidos, a modulação de microbiota – com o controle da disbiose intestinal – é apenas um dos 36 fatores que precisamos agir em pacientes com problemas de cognição, dentre eles a Doença de Alzheimer em estágios iniciais.
Há uma máxima dentro uma vida funcional que diz “A dieta é a forma mais fácil de modificar sua microbiota intestinal”. E também sempre é bom lembrar que com uma boa saúde intestinal geralmente vem acompanhada de uma boa saúde mental.